Parceiro de Poker x parceiro de dança
Recentemente, uma das minhas amigas mais evoluídas emocional e espiritualmente (na minha opinião, ela iria discordar) me apresentou uma analogia fantástica sobre a qual tinha pensado enquanto tentava decifrar os códigos e mensagens de um peguete.
Ao começar a ouvir, já pensei: é isso. Total, é isso.
Ela, que é uma excelente dançarina, e pratica de fato a dança de salão, estava ficando com um jogador profissional de poker. E, pensando a respeito da ética existente nesses dois universos, chegou a conclusões que, eu acredito, são de absurda valia.
Contou ela que, na dança, há uma ética de parceria muito intensa, pois, a ideia é que os dois envolvidos consigam fazer os passos juntos, desenvolver a coreografia juntos e se divertirem juntos. Há uma busca pelo equilíbrio no estilo e no ritmo dos envolvidos. Isso, é claro, não quer dizer que tudo saia sempre certo. A verdade é que, assim como na vida, ninguém é obrigado a permanecer dançando com a mesma pessoas por várias e várias músicas. Porém, quando um convite é feito por um e aceito pelo outro, se estabelece ali um compromisso tácito pelo período de uma dança, ou uma música. Enquanto esse momento estiver acontecendo, a dupla deve permanecer em colaboração e atenção até que a música termine.
Comparativamente, a ética do jogo e, particularmente a do poker, envolvia preceitos e conceitos opostos. Não se joga em parceria, se joga em combate. Blefe, manipulação, acaso e sorte são mais do que bem vindos, encorajados e elogiados. Quanto mais dissimulado o jogador, mais valorizado ele é. A ideia é fazer com que os outros se sintam inseguros, que percam a confiança em suas cartas. E o pior, a covardia é de fato bem aceita, pois, se você não está mais a fim de jogar ou acha que suas cartas não são boas, basta 'passar', 'fold', abandonar o jogo no meio, sem nenhuma preocupação com o envolvimento dos outros. E não é sequer necessário explicar o porquê. É um belo e mimado "não tô mais a fim, e não digo porquê".
Depois de 11 anos casada e recém separada, sinto que, em vários momentos da minha relação, tive um parceiro de poker. E dos poucos homens com quem tenho conversado, sinto uma vibe de jogo também.
Ainda nem sonho com uma nova relação, mas uma coisa eu já sei: Quero um parceiro de dança.
É isso aí... na dança, um erro, um tropeço ou um descompasso não é motivo para desanimar.Basta continuar, seguir em frente!Muitas vezes esses fatos até fortalecem a parceria.
ResponderExcluirÉ isso! A palavra chave é PARCERIA!
Onde há parceria, há segurança de poder tropeçar de vez em quando e ainda contar com o apoio do partner.Quanto mais cumplicidade, mais leve é o dançar, e consequentemente, maior é o prazer compartilhado.
E é o que a vida nos pede: que sejamos leves,pois temos a liberdade de escolher com quem dançar e quantas músicas queremos permanecer juntos.
Para aproveitar bem a parceria basta estar entregue, mesmo que seja apenas uma música juntos.
Parece que no jogo de cartas as coisas não são bem assim, pois os blefadores não estão acostumados com a transparência e desconfiam de tudo e de todos.
Quando os jogadores são chamados para dançar, se apavoram, pois sabem que a dança depende da entrega, mas não podem se entregar simplesmente porque, de tanto dissimular, não sabem mais quem são.
Que pena...poderiam ser bons bailarinos!